quarta-feira, 9 de julho de 2014

God Save My Queen

Nota Prévia: a publicação de hoje é lamechas! Muuuuuito lamechas!

Não sei quanto a muitos de vós, caríssimos leitores, mas tenho por hábito sonhar acordado com várias coisas. A mente é o nosso derradeiro grito de liberdade; brilhante e obscura ao mesmo tempo, não tem limites, nem fronteiras. Somos nós a decidir o que queremos, quando e como queremos, sem dar satisfações a nada nem ninguém. Se neste momento, o Dr. Emmet Brown (para quem não sabe, o cientista louco da trilogia "Regresso ao Futuro"), com o seu despenteado cabelo branco e ar de louco bonacheirão me viesse desafiar para uma viagem ao passado, a minha resposta não ia demorar a sair. 

Queria estar aqui:


Pois é meu caros, queria regressar ao dia 12 de Julho de 1986 (uns mesitos antes de nascer), dia em que "A Banda" deu um dos concertos mais memoráveis da História, no mítico estádio do Wembley. Haveria milhares de datas que poderia escolher, bem sei. Mas esta seria a minha escolha imediata, e defendo-a com unhas e dentes!
Sabendo desde já que vou ferir susceptibilidades, vou dizê-lo: os britânicos Queen foram "A Banda". Não foram a "melhor" banda de sempre; não foram a mais carismática de sempre; não foram a que mais discos vendeu; não foram os mais ousados de sempre. Não foram os mais polémicos de sempre! Foram, simplesmente, "A Banda". E como admirador supremo destes génios da música, eu queria estar ali, em Londres, sufocado no meio daquelas 100 mil almas. 

Ora, faz agora uns dias, a minha querida J decidiu personificar o louco Dr. Emmet Brown e presenteou-me com uma viagem no tempo. Fomos ver os God Save The Queen, banda de tributo aos originais Queen
Não sei se já tinham ouvido falar nestes senhores, mas aquilo que vivemos naquela noite de Julho de 2014 foi demasiado perfeito para ser verdade. Os senhores não se limitam a tocar Queen. Eles SÃO Queen. Visualmente, Pablo Padín (vocalista) podia ser gémeo de Freddie Mercury. As roupas são iguais, os trejeitos, a expressão facial. É tudo assustadoramente igual! E acreditem, eu conheço algumas das performances ao vivo dos Queen da frente para trás...

Senti-me transportado no tempo naquele par de horas. Por momentos estive no Wembley, no meio do oceano de gente, a assistir à História a ser escrita em tons de Rock. Braços no ar na "Radio Ga-Ga", histeria nas primeiras notas do baixo de Deacon em "Under Pressure", montanha-russa de acordes e tons na "Bohemian Rhapsody", berros de euforia na "I Want It All" e lágrimas, lágrimas de emoção em "Who Wants to live Forever" (uma das músicas que ainda me consegue arrepiar SEMPRE que a ouço).

"Estás a gostar?", perguntava a J, de vez em quando, estranhando a minha postura reservada. E as palavras teimosamente presas na garganta, envergonhadas, preferiam ficar para trás: nada do que significassem poderia sequer estar perto de exprimir o que cada poro do meu corpo sentia. 

Mais para o final, um sempre cristalino "Love Of My Life". Simples mas majestoso!
E logo ali a sensação de me ter apaixonado de novo. Pelo Freddie, em simbiose eterna com a multidão, a sentir cada palavra da música. Pelo Brian, a dedilhar com a maior naturalidade os intrincados acordes naquela guitarra. Pelo momento. Mas, sobretudo, apaixonei-me de novo pela J. Era aquilo! Era mesmo aquilo!
Era de tal forma aquilo que fiquei totalmente paralisado! Os meus olhos e ouvidos devoravam cada instante, e a música fluía em mim como se eu próprio fosse parte das partituras. Não existia público, não existia tempo. Apenas comunhão! 

E Amor...

Quando dizem que o Amor (e a Paixão), está em pequenas coisas, temos o hábito de pensar que tudo não passa de cliché. Se calhar, oferecer um pequeno almoço na Lua, ou um passeio vespertino por uma Paris coberta de neve, será visual e logisticamente mais forte. Mas na verdade, o Amor pode estar milhares de milhões de vezes mais presente naquele beijo que damos à(ao) nossa(o) amada(o) quando saímos de casa para o trabalho. Ou quando conhecemos de tal forma o outro que conseguimos proporcionar momentos como os que vivi, com algo tão simples como uma ida a um concerto. E nesses pequenos bocadinhos, apaixonamo-nos uma, outra e outra vez.

Naquele dia, apaixonei-me 1, 100, 1000000 de vezes pela J. 

Obrigado J! Muito, muito, muito Obrigado!

P.S.: claro que a fasquia ficou agora elevadíssima. Lá vou eu ter de fazer aparecer o Pitt e o Clooney para um "café" e "dois dedos de conversa" com a J um dia destes, enquanto eu vou "sair com uns amigos".