domingo, 29 de janeiro de 2017

A reviravolta de uma vida - Parte I

Regresso após tanto tempo, porque me deixei levar pela vida.
Neste último ano e meio, a minha (nossa) aventura sofreu alguns desvios de rota - maioritariamente positivos - e roubou-nos algum tempo para dedicar a este cantinho.
Mas quis regressar, porque também tenho saudades de escrever o que me vai na alma.

Esta mensagem deve, portanto, começar com um grande pedido de desculpas. Pela ausência, pelo hiato temporal e pela separação entre nós - bloggers e leitores.

Desculpem.


Feitas as devidas formalidades, passemos ao assunto, ou melhor, aos assuntos que justificam tanto tempo longe.

Acredito que existem momentos na nossa vida que nos marcam para sempre. Não precisam de ser grandes alaridos ou episódios memoráveis de uma novela real. Basta que sejam atitudes sentidas reveladas num exacto instante quando isso só, basta para a tua vida ganhar rumo.

O meu primeiro momento acontece no último dia de trabalho antes de umas (merecidas e esperadas) férias. O calor já se fazia sentir, embora ainda não houvesse bronzeados a marcar a época.

Para celebrar esse marco, o Z decide convidar-me para jantar no Guedes - para quem conhece o Porto, sabe que este é o restaurante das famosas sandes de pernil com queijo da serra, acompanhado por um Espadal da casa - para o lambuzanço ser total. 
O dia apresentava-se magnífico, pelo que havia planos de ir ao jardim de São Lázaro, para sentar e apreciar a digestão de semelhante pecado gastronómico, apreciando a restante luz do dia e a brisa por entre as árvores. Infelizmente, o horário de fecho do Jardim trocou-nos as voltas e sugeri uma paragem na minha casa de gelados de eleição: La Copa.

Uma vez que estávamos em modo férias, não me poupei a nada. Pedi o maior gelado que havia e até tive direito ao hino da Liga dos Campeões quando o Z trouxe a taça.

[Se me perguntarem hoje se desconfiava de alguma coisa, não vou mentir: NÃO! Notei que estava nervoso, mas não dei muita importância!]

Mal termino a taça de gelado, ele começa a falar sobre nós e sobre a nossa relação. Como óptimo orador que é, transforma a nossa história num conto de fadas maravilhoso e eu deixo-me levar pelas suaves palavras. Entretanto, tira de dentro da sua mala uma caixa de jogo e coloca-a em cima da mesa. Espantada, pergunto se vamos jogar ali em plena esplanada e a sua resposta dá início aquele que seria o momento mais romântico da minha vida: 
o Z tinha preparado um "jogo" diferente e, para isso, arranjou cartões personalizados na mesma medida das cartas do jogo, com ilustrações que deram vida ao pedido. Ele contou a nossa odisseia desde o primeiro dia, com percalços e gargalhadas, até ao sonho de uma vida inteira a dois representado por dois velhinhos de mãos dadas e pediu para concretizar esse sonho.
Abriu uma caixa pequenina vermelha - aquela que nós, mulheres, sabemos que retém todo o pedido esperado desde a descoberta do amor - e perguntou, já a fraquejar: "Queres casar comigo?"
Antes de poder responder, um soluço apoderou-se de mim e as lágrimas de alegria jorraram pela minha cara, denunciando o meu sim. 

Há pouca coisa da qual tenho a certeza. Mas ali, naquele momento, não havia dúvida nenhuma na minha mente de qual seria a minha resposta.

Ao meu soluçado sim seguiram-se algumas lágrimas dele e um beijo que selou a beleza daquele momento. Foi bonito, foi sincero, foi real. Foi nosso!!!

Esse dia marcou um novo início na nossa vida. Parece que ficámos mais apaixonados, mais verdadeiros e mais dedicados. 
Embora considere que uma relação não se faz num papel assinado ou numa aliança no dedo anelar, estas mostras de amor são sinais de que duas pessoas estão preparadas para um novo grau de desafio e para um comprometimento mais forte. Afinal de contas, um casamento é um contrato legal que obriga ambas as partes ao cumprimentos de direitos e deveres, assinado com plena consciência do seu valor e durabilidade. Portanto, convém que a malta saiba no que se está a meter antes de assinar o papel!!
Eu e o Z reconhecemos a importância da decisão e queremos tomá-la sem hesitações.

Por motivos de ordem financeira, até hoje não houve a bendita celebração! E não pensem que seja porque queremos uma mega festa, com um vestido de noiva espampanante ou um smoking à medida! Não é essa a nossa ânsia! A celebração tem sido adiada, porque queremos proporcionar um ambiente memorável para nós, para a nossa família e para os nossos amigos! Queremos que as pessoas se recordem do amor que se sentiu nesse dia, da alegria que os noivos sentiram e do orgulho que todos sentiram em presenciar a nossa união. Para nós, o casamento é a celebração do amor entre duas pessoas e nada mais. Cortem o catering, cortem o vestido de marca, cortem o fraque em cetim, cortem a entrada sobre um arco de rosas, cortem os vestidos das mães dos noivos, cortem os penteados de 50€. Simplifiquem! Queremos uma cerimónia simples, mas verdadeira como nós! Infelizmente, o negócio do casamento é muito rentável e os espaços que temos vindo a visitar são lindos, mas pagos a peso de ouro. Depois, seguem-se as ementas elaboradas com comida gourmet e com ingredientes estrangeiros muito chiques, as decorações personalizadas, os empregados de alto gabarito, a distribuição do espaço, a escolha das bebidas, a duração da cerimónia.... uma panóplia de must-haves que acrescem ao preço e que tornam os nossos sonhos praticamente inacessíveis.
Podemos sonhar, mas a um valor astronómico por pessoa!

Pois bem, nós ainda estamos na fase de sonhar... pelo menos até este negócio ficar mais acessível ou ganharmos o euromilhões!!

Depois desse momento, seguiu-se mais uma nova aventura na minha vida pessoal e profissional. Uma proposta daquelas que nos faz vacilar, mas que, depois de aceite, pode ser a nossa marca num percurso profissional de sonho.
Não percam a segunda parte.

Beijinhos e até já
J