sábado, 9 de agosto de 2014

A distância que nos mudou... para sempre! (Parte I)

As histórias que temos partilhado são hinos (pessoais) ao amor, à confiança e ao respeito. Através das nossas aventuras, temos transmitido o melhor do mundo a dois, vivido por duas pessoas diferentes mas semelhantes.
Mas seria hipocrisia da nossa parte esconder que existem maus momentos. Situações difíceis e, por vezes, desgastantes. Nós não somos diferentes, portanto também vivemos episódios menos coloridos.

A história que passo a contar foi um desses momentos: podia unir-nos de forma sólida ou podia representar o fim de uma relação.

No dia 10 de Outubro de 2010, eu regressei aos Açores depois da conclusão do meu curso superior. O objetivo era trabalhar e não haviam propostas que me permitissem ficar pela Invicta. O meu coração estava derrotado, destruído e magoado. Em prol do meu sucesso profissional, estava a deixar o meu amor, a minha cara-metade para trás.
A decisão tinha sido pensada vezes sem conta e a parte racional sobrepunha-se ao coração.
Contudo, com a minha partida, não havia garantia ou data certa de regresso. Nem havia mesmo possibilidade do Z ir trabalhar para a ilha comigo por falta de propostas. Era tudo uma incógnita.
Embora fosse uma preocupação para ambos, os dias que antecederam a minha partida foram intensos, porque não se falou d' "o assunto"! Era demasiado doloroso.

Aquela despedida no aeroporto foi das coisas mais difíceis que tive de fazer. Não há sensação pior do que olhar através do vidro de embarque e ver a pessoa que nos preenche do outro lado, a chorar, sem que isso seja razão suficiente para ficarmos. Até hoje convenço-me que "tinha que ser assim...". 
As horas de espera na sala de embarque e de viagem foram penosas, assombradas pela vontade crescente de voltar para trás e arranjar uma maneira de ficarmos juntos. Pensei e repensei todas as decisões que tinham levado àquele momento e consegui argumentar milhões de motivos para ficar. Mas não fiquei.

Fui racional e não emocional. Até hoje arrependo-me de ter sido assim.

Cheguei ao Pico, inundei-me de amor dos pais e comecei a trabalhar. Pensei que isso impediria a minha mente de divagar para pensamentos escuros. "Será que fiz bem?", "haveria outra alternativa que não contemplei?", "será que eu e o Z vamos suportar isto?"... A verdade é que não sabia e essa incerteza estava a corroer-me por dentro. Mais e mais a cada dia que passava.

O tempo em nada suavizou a dor de estar longe dele. Podíamos falar 3 a 4 vezes por dia, até "skypar" todas as noites, mas não era suficiente. Faltava o toque, o cheiro, o som puro da gargalhada, o calor humano. Por mais forte que seja o amor entre duas pessoas, a distância é macabra e consegue enraizar medos e incertezas que abalam os pilares mais fortes de uma relação. Não tardou muito para que isso acontecesse connosco.

Ele começou a trabalhar e passou a estar mais ocupado. A diferença horária, ainda que mínima, dificultava a nossa comunicação durante o dia, porque o almoço não coincidia. Até a hora de saída do meu emprego chocava com a entrada do treino para ele. As semanas eram campos de batalha para saber um do outro.
Lembro-me perfeitamente de começar a odiar o telemóvel: não me podia separar dele e ele nem sempre servia a sua função: precisava de falar com o meu amor e as tecnologias de nada serviam para atenuar a distância.
Os fins-de-semana não eram melhores. O Z tinha jogos aos sábados e as noites dele eram passadas com amigos e jantaradas para esquecer a dor da distância. Os meus dias de folga eram passados a trabalhar com amigos para juntar mais uns trocos, a fim de pagar a passagem para o Porto. Se eu ligava, mal conseguia ouvir a sua voz. Se ele ligava, eu nem sempre tinha tempo para falar.

A distância estava a conseguir vencer o duelo com o amor.  

Com o passar das semanas, tornou-se cada vez mais difícil falar e a nossa paciência estava a esgotar-se a um ritmo alarmante. As discussões começaram a tornar-se constantes e as dúvidas sobre a verdadeira força da nossa relação estavam presentes em cada suspiro.
Para vos ser sincera, ainda choro quando penso nisso, porque foi dos maiores e mais difíceis desafios que tive de ultrapassar. Tudo o que eu queria estava em pontos geograficamente diferentes e era humanamente impossível conciliar tudo. Mas eu tentei! E tentei com todas as forças, todas as lágrimas, todas as preces que consegui.

Até que um dia senti que estava a lutar sozinha por nós! Ele parecia cada vez mais distante, mais frio e menos apaixonado. Não conseguia falar com ele sem que ele me parecesse frustrado, zangado e desinteressado; tudo menos apaixonado e confiante de que as coisas iriam melhorar.
Essa dor foi fulminante! Como se tivessem trespassado o meu coração com uma lança em brasa.
Estar longe é muito difícil, mas sentir que a outra pessoa pode estar a deixar de amar-nos é avassaladora!!

Foi em Maio de 2011 que, por motivos de trabalho, tive que deslocar-me a Lisboa e aconteceu o nosso encontro após 7 meses.
Seria de esperar uma corrida para os braços um do outro, uma avalanche de beijos apaixonados e um abraço interminável para suprir tudo que tinha sido adiado desde outubro. Mas não!
Esse encontro foi aquele momento em que tudo se decidiu. Em que tudo mudou de rumo.

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