quarta-feira, 7 de maio de 2014

"Então, quando casam?"

Apesar de estarmos a viver o primeiro 1/5 do séc. XXI, viver com outra pessoa sem estar efectivamente casado nem estar a dar passos de gigante rumo à boda, ainda é algo que se vê com alguma desconfiança. A pressão inerente ao "grande passo" está aí, palpável, tensa, a espreitar a cada esquina, só à espera para apanhar na sua teia um casal inocente. 

"Z, que é isso de estares a diabolizar o casamento?", será concerteza a pergunta que percorre a mente de muitos de vós, queridíssimos leitores. Se fôr o caso, não poderia estar mais errada. O casamento é algo que respeito e admiro. Para além de uma demonstração única do nosso amor por outra pessoa, é uma óptima oportunidade para reunir todos os que nos são mais queridos e envolvê-los, de forma indelével (o uso deste adjectivo merece tanto comentários positivos no final do post...), na história da vida que procuramos construir com a pessoa que amamos. Também é uma oportunidade fantástica para recebermos prendas ultra valiosas e de recebermos milhões de beijinhos e beliscões nas bochechas por parte da faixa etária mais idosa de ambas as famílias. Significará ter os nossos amigos a cair de bêbedos nas mesas do fundo, enquanto contam histórias de fazer corar os mais extrovertidos. Será a oportunidade ideal para toda a gente constatar que não possuo, como a grande maioria dos seres vivos, o gene que conjuga bom gosto musical com capacidade para me mover harmoniosamente ao som de qualquer música (estou convencido que um orangotango com epilepsia parecerá o Michael Jackson perto de mim).


Para pessoas de fé, significará algo de muito mais completo e significativo mas, como profundo ateu, não me atrevo a seguir por esse caminho. E é essa a beleza do casamento: não é propriedade de ninguém; pode ter o significado que lhe quisermos dar (o que é bom, visto que somos nós quem toma a decisão de casar). Para mim, portanto (e para a J também, estou certo), o casamento tem um cariz mais festivo, do que propriamente um significado altamente profundo. 

Deixem-me explicar isto com calma, para não dar azo a protestos (e para que as prendas ultra valiosas não nos fujam). Nós vivemos juntos, dormimos juntos (sim dormimos, sem muros separadores nem cintos de castidade envolvidos), comemos juntos, temos um animal de estimação, dividimos despesas, discutimos e fazemos as pazes, passamos serões juntos, recebemos amigos, vamos a festas, temos os nossos passatempos pessoais, somos amigos de verdade e adoramos todos os pontos que referi, para além de nos adorarmos como dois malucos (que, efectivamente, somos). Porque é que há então aquele silêncio acusatório quando dizemos que vivemos juntos? Porquê aquele sorriso gozão se me refiro á J como a minha mulher? Porquê a obrigatoriedade de tratar o ZM e a F como os "pais da minha namorada" quando posso poupar ar, saliva e energia muscular ao designá-los de "sogros"?  

Tenho sido inundado de fotos de festas (quase todas maravilhosas) de casamentos de malta conhecida, e admiro a decisão que tomaram. Mas aquela perguntinha tão inútil e desnecessária "Então e vocês, quando casam?" ás vezes irrita. "Quando nos apetecer!", será a nossa resposta. Continuaremos a ser o mesmíssimo casal, a ter os mesmos sonhos, as mesma responsabilidades, os mesmos projectos do que qualquer outro. Com a singularidade de não estarmos casados. Quer isto dizer que não vamos casar? Óbvio que não! Mas o casamento nunca vai definir quem somos nem a nossa identidade enquanto parelha. Quando casarmos (se casarmos...), tudo isto que eu disse vai voltar à tona, não vai?

Beijinhos e abraços,

Z

7 comentários:

  1. Plenamente de acordo. Principalmente porque uma festa de casamento envolve rios de dinheiro que tanta falta fazem.
    P.S. Gostei muito do adjetivo "indelével" :). É uma palavra muito simpática e injustamente esquecida :)

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    1. O Z gosta de demonstrar as suas capacidades literárias, mesmo quando se fala de um tema tão sensível para alguns! Obrigada pela visita. Beijinho

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  2. De acordo ... gostei imenso ... parabéns Joana :)

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    1. Obrigada pela visita. Não se esqueça de seguir os posts seguintes.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Vocês enchem o meu coração por serem tão maravilhosos!

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  5. Muito obrigado Cristiana! Esperemos que gostes deste nosso espacinho e queremos ver-te por aqui mais vezes ;)
    Beijinho
    Z

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