terça-feira, 13 de maio de 2014

Tarefas e Lençóis!

Podemos afirmar que a nossa independência tem início, na minha humilde opinião, quando nos é atribuído um espaço só "nosso", na casa dos nossos pais. Seja uma cama ou um quarto, passamos a ter a  responsabilidade de gerir um quarto e tudo o que nele está contido.
A principal vantagem que retirei desse passo foi a liberdade de dormir como bem me apetecia sem que ninguém me chateasse: podia dormir de pijama ou "peladinha", em posição fetal ou na diagonal, de pés na cabeceira até, mas ninguém me pedia explicações.

Quando tomámos o passo de viver juntos, eu e o Z mal sabíamos o que nos esperava. Sim, ouvimos os discursos de toda a gente sobre "ai, agora é que vão sentir as responsabilidades", mas precisámos de bater com a cabeça na parede para aprender. 
Para vos ser sincera, todas as questões de tratar de uma casa - pagar contas, instalar o operador de canais de TV e internet, pagar renda -, embora custem no bolso, foram relativamente fáceis de cumprir. Mesmo que nos tenha escapado algum serviço no início, a necessidade encarregou-se de nos avisar para a sua pertinência e nunca nos faltou nada até agora. 

Um verdadeiro desafio para mim foi estabelecer rotinas e cumprimento de tarefas entre ambos!

Uma coisa é lavar roupa ou loiça de uma pessoa, outra completamente diferente é lavar loiça ou roupa de dois, com emprego à mistura, cansaço que acumula e com horários que parecem intermináveis. 
Aqui reside a essência das dificuldades de viver com outra pessoa: dividir tarefas! Se olharmos para esta questão do ponto de vista matemático, poderia falar-se de uma fórmula ou equação que soma o total de tarefas vezes o grau de dificuldade a dividir pelos intervenientes e o respectivo grau de cansaço ou  horário de trabalho; da perspectiva histórica, poder-se-ia dizer que a luta pela igualdade dos sexos determina que ambos devem cumprir o mesmo número de tarefas ou, em alternativa, definir um sistema rotativo que permita que cada um cumpra determinada tarefa em diferentes alturas; numa análise prática, o sistema de cada-um-trata-das-suas-coisas pode ser instituído, mas apela à vida estudantil e não ao casal. Pois bem, então como se faz? Alguém me explica?! 
Eu identifico três períodos distintos naquilo que posso designar como o Ciclo das Tarefas na Casa de Z e J: um primeiro momento em que são debatidas as tarefas e a forma de distribuição (é sempre um período calmo e engraçado, cheio de altruísmo e espírito de entre-ajuda); um segundo período, em que existe a efectiva realização de tarefas, com clara discordância com o acordo estabelecido inicialmente (caracterizado por alguma sensação de compreensão pela indisponibilidade do outro, embora jorrada por alguma irritação pelo incumprimento); e, por fim, a conclusão do ciclo em que as tarefas foram maioritariamente realizadas por apenas um dos elementos (com sentimentos melhor descritos pela antecipação de uma batalha naval!). Terminado o ciclo, eu expludo contra o Z e ele pede desculpa, dando início a um novo Ciclo de Tarefas. O que muda? Geralmente, pouco! Mas há sempre esperança.

Se analisar tudo isto de forma fria e ponderada, não estou muito longe do que acontecia em casa dos meus pais, em relação a meu irmão e à distribuição de tarefas. As condições são diferentes, claro, mas a essência da disputa é a mesma e, portanto, posso encarar isto como a exibição de uma peça com o mesmo argumento, mas com diferentes actores.

A única diferença é a minha cama!

Em casa dos meus pais, como referi no início, chegava ao final do dia e podia voltar para o meu ninho em segurança. Podia sentar-me na cama a ler um livro ou ouvir música, podia abrir os meus cofres de adolescente (com segredos importantes para a minha reputação escolar da altura), podia até optar por dormir por cima da roupa nas noites quentes de Verão. Agora.... bem, agora tenho que partilhar com o Z o meu ninho e isso tem revelado ser tarefa digna do Sylvester Stallone.

Aqui vai uma análise da pontuação no ringue:

Espaço ocupado na cama: 
Z - 1             J - 0

Puxar pelos lençóis:
Z - 0            J - 1

Capacidade de lidar com o frio:
Z - 1            J - -5

Pancadas inconscientes com alguma violência:
Z - 0            J - 3

Por outras palavras, somos tão diferentes no rancho dos lençóis como somos nas origens.
Ele é calorento e dorme com o mínimo de roupa de cama, ao invés de mim que preciso de 3 edredões para suportar o frio invernoso. Ele não suporta flanela e isso retira-me um dos maiores prazeres a nível de lençóis de cama. Eu necessito de espaço para mexer-me (e mexo-me bastante durante o sono) e isso representa algumas pancadas inesperadas enquanto o Z dorme. E, confesso, aproveito para puxar lençóis e edredões todos para o meu lado (em minha defesa, ele é calorento...). 
Toda a beleza de partilhar o ninho com o amado ganha uma nova perspectiva quando a realidade surge. Haverá solução? Talvez. Por enquanto, ficam as batalhas rockianas e mais uma história para contar.

Quanto ao futuro? Bem, só o próprio dirá como nos vamos adaptar, mas por enquanto fica a ideia de que a vida de casal (pelo menos, a minha) é uma batalha que, na sua essência, luta-se nos lençóis.

Beijinhos,

J

5 comentários:

  1. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  2. Tenho de confessar: adoro!

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    1. Obrigada! Beijinhos e não percas o próximo post!

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  3. MUITOO BOOM !!! Já vi que a J reina na guerra dos lençóis ahahah

    N

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    1. Olá Anónimo(a)! Ao menos posso reinar alguma coisa cá em casa! ;) Obrigada pelo comentário. Fica bem

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